Sessão inaugural da retrospectiva Luis García Berlanga, com a projeção dos filmes “Benvindo, Mister Marshall! (1953)”, a sua primeira longa-metragem a solo, e a curta-metragem “O Sonho da Professora (2002)”, o seu último filme. Estas duas obras do realizador espanhol enquadram o início e o final da sua filmografia, cuja separação se deu por motivos de censura. O Sonho da Professora será projetado em estreia absoluta em Portugal.

2 MAR | DOM | 17:00

¡BIENVENIDO, MISTER MARSHALL! | BENVINDO, MISTER MARSHALL!

Luis García Berlanga | ESP | 1953 | 78’

Primeira longa-metragem a solo de Luis García Berlanga, Benvindo, Mister Marshall! é um dos títulos incontornáveis e uma das portas de entrada no modernismo do cinema espanhol. Berlanga põe aí em cena muitas das figuras e preocupações que haveriam de povoar a sua obra. Situado em Villar del Rio, uma aldeia da Andaluzia que se prepara para receber festivamente diplomatas e forças militares norte-americanas que tinham ajudado a reconstruir o país graças ao Plano Marshall, os habitantes esforçam-se por acolher o melhor possível os seus convidados americanos, num misto de hospitalidade e subserviência. Mas as culturas espanhola e americana embatem frontalmente, gerando um sem-número de equívocos e embaraços, expondo o ridículo e a fragilidade das estruturas políticas e sociais da Espanha franquista. Inovador pelo modo como rompeu com algumas tendências ossificadas do cinema espanhol da época, a proximidade do filme à realidade da época é ainda mais significativa se tivermos em conta que Espanha acabava então de aprovar, através de um referendo realizado em 1947, a lei da sucessão, que permitiu a Franco autonomear-se chefe de estado vitalício.

EL SUEÑO DE LA MAESTRA | O SONHO DA PROFESSORA

Luis García Berlanga | ESP | 2002 | 13’

Esta curta-metragem, última obra de Luis García Berlanga, parte de uma cena original do seu primeiro filme Benvindo, Mister Marshall!, que nunca chegou a existir por motivos de censura. Uma professora mostra as várias formas de execução, da cadeira elétrica ao garrote, utilizando os alunos para demonstrar o funcionamento de cada uma dessas máquinas de morte. Tendo conseguido finalmente encenar este episódio, impossível no contexto da ditadura, Berlanga substitui a professora Eloisa de Benvindo, Mister Marshall!, representante da ordem pública e figura da educação estatal, por uma professora sadomasoquista que, numa sala de aula onde o retrato de Franco ainda preside, dá largas às suas fantasias, realizando um sonho que é um pesadelo para os alunos.