Quinta sessão do ciclo dedicado à experiência de Manoel de Oliveira enquanto espectador, com filmes e cineastas importantes no seu percurso enquanto cinéfilo.

LA RÈGLE DU JEU | A REGRA DO JOGO

Jean Renoir | FRA | 1939 | 110’

A Regra do Jogo é um dos mais importantes momentos-chave na história do cinema. Este filme de Jean Renoir, que o próprio nomeia “fantasia dramática” nos créditos iniciais, decorre durante um fim-de-semana em La Colinière, um château campestre que reúne um grupo de burgueses e criados. Renoir encena uma série de desencontros e paixões cruzadas que animam as atividades em que as suas personagens se envolvem, com resultados tragicómicos. Após a sua mal recebida estreia, A Regra do Jogo tem sido alvo de sucessivas reapreciações, ocupando hoje um lugar cimeiro nos cânones da história do cinema. Entre os vários defensores do filme, Manoel de Oliveira destaca-o como um dos exemplos mais vívidos da característica “irreverência” de Renoir, “que se torna difícil de explicar, por que este caso se dirige mais a um sentir, um estar fora das correntes normais sem qualquer intenção particular ou ideia determinada de as atacar. Tal como se fora a ação de uma criança, quando se torna conscientemente inconveniente. Ou, por outras palavras, seria como agir por impulsos, tal como os animais o fazem por instinto.” (Manoel de Oliveira, Ditos e Escritos, Fundação de Serralves, p. 235). Jean Renoir é, portanto, um cineasta da impulsividade e do instinto, mas também das personagens cuidadosamente construídas que tão unicamente definem o seu cinema. Na sua filmografia, A Regra do Jogo é uma das melhores instâncias onde todas estas formulações se conjugam.