AURORA
UM FILME FALADO: OLIVEIRA E A HISTÓRIA DO CINEMA
Com José Gardeazabal (escritor) e Nuno M. Cardoso (encenador) e moderação de Anabela Mota Ribeiro

Sessão inaugural do novo Ciclo de Cinema e Conversas Um Filme Falado: Oliveira e a História do Cinema, com conceção e moderação de Anabela Mota Ribeiro. Este ciclo, dedicado à relação de vários momentos e tendências significativas da história do cinema com a obra de Manoel de Oliveira, arranca com o tema Mudo, com a projeção do filme Aurora (1927) de F.W. Murnau. Após a projeção, terá lugar uma conversa com o escritor José Gardeazabal e o encenador Nuno M. Cardoso, com moderação de Anabela Mota Ribeiro.
FILME MUDO
SUNRISE: A SONG OF TWO HUMANS | AURORA
F.W. Murnau | USA | 1927 | 95'
Realizado no período áureo do cinema mudo, Aurora é um dos mais celebrados filmes do alemão F.W. Murnau. Reconhecido pelo seu cinema expressionista na República de Weimar, pôde dispor de todo o arsenal tecnológico e de produção dos estúdios da Fox - cortesia de uma carta branca que William Fox, o seu fundador, lhe concedera. O enredo efabulatório e simples diz respeito à vida de um casal humilde que sofre uma séria ameaça quando o homem é seduzido por uma mulher de uma classe social superior. Não obstante a natureza melodramática da sua narrativa, a mise-en-scène de Aurora combina a espetacularidade técnica expressionista com uma sensibilidade mais subtil e naturalista. Na primeira edição dos Óscares, em 1929, Aurora arrecadou o Óscar de Melhor Filme (com a designação "Melhor Produção de Qualidade Artística"), bem como o de Melhor Atriz para Janet Gaynor, e de Melhor Fotografia. Aurora foi igualmente um filme marcante para Manoel de Oliveira, que o viu repetidamente aquando da sua estreia no Porto, tendo inclusivamente feito o levantamento da sua planificação, exercício que lhe permitiria compreender em profundidade a estrutura deste filme intemporal, “sem idade, sem tempo nem lugar definidos” (Manoel de Oliveira em entrevista a Jacques Parsi e Antoine de Baecque, Conversas com Manoel de Oliveira, p. 138).