SESSÃO DE CINEMA

MÁSCARA DE AÇO CONTRA ABISMO AZUL | A POUSADA DAS CHAGAS | CRIME / ABISMO AZUL / REMORSO FÍSICO

Modos de Rever: História(s) da Arte no Cinema

COM LUIS MIGUEL CINTRA (ATOR) E Regina Guimarães (escritora e videasta) E MODERAÇÃO DE ISABEL LOPES GOMES

Auditório da Casa do Cinema Manoel de Oliveira
14 DEZ 2024 | 17:00

Bilhete: 3€

Estudante/jovem, maiores de 64 e Amigos de Serralves: 1,5€

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1412 FilmeMÁSCARA DE AÇO CONTRA ABISMO AZUL
Fotograma de "A Pousada das Chagas" (1972), Paulo Rocha

Última sessão do ciclo de cinema e conversas Modos de Rever: História(s) da Arte no Cinema, concebido por Isabel Lopes Gomes. A sessão contará com uma breve apresentação, à qual se segue a projeção dos filmes A Pousada das Chagas (1972) e Máscara de Aço contra Abismo Azul (1989), ambos de Paulo Rocha, e Crime / Abismo Azul / Remorso Físico(2009) de Edgar Pêra, seguida de uma conversa com a escritora e videasta Regina Guimarães e o ator Luis Miguel Cintra, com moderação de Isabel Lopes Gomes.


MÁSCARA DE AÇO CONTRA ABISMO AZUL

Paulo Rocha | POR | 1989 | 64'


Em Máscara de Aço contra Abismo Azul, Paulo Rocha faz uma surpreendente ""colagem"" sobre o modernismo português, centrado em Amadeo de Souza-Cardoso. Entre a reconstituição dos anos do Orpheu e do Manifesto Futurista, a montagem de uma exposição na Gulbenkian e um onirismo jugulado, Paulo Rocha propôs uma das mais singulares e fascinantes visões desse mundo de cores e metais, tão saudosista quanto anarquizante, tão altaneiro quanto inseguro. (Midas Filmes)



A POUSADA DAS CHAGAS

Paulo Rocha | POR | 1972 | 20'


A Pousada das Chagas foi uma sugestão do céu. A Fundação Gulbenkian tinha criado um museu de arte sacra em Óbidos e queria um documentário sobre o museu. Estávamos em 1970, e depois de "Mudar de Vida", em 1966, eu tinha deixado de acreditar no cinema clássico “narrativo”. O Seixas Santos tinha criticado ferozmente o "Mudar": era um pai absolutamente radical, rigoroso, leninista, e eu, como todo o resto da minha geração, acreditava nele, por isso fiquei destroçado com as suas críticas. O resultado imprevisto foi a minha viragem para a vanguarda. A "Ilha dos Amores" estava a distrair-me, estava a demorar imenso tempo e eu tinha de suar sangue por cada pequena coisa. A minha cabeça estava cheia de teatro japonês: Nô, Kabuki, esse tipo de coisas. Estava a ler os "Cantos" de Pound - um poema em várias línguas - e a ouvir Stockhausen e as suas colagens. Era um trabalho de urgência, não havia tempo para pensar. Enchi os bolsos com pedaços de papel: citações de Rimbaud, Légende, Dorée, Camões, Lao Tze, etc., e fui para Óbidos filmar com um par de miúdos de vinte anos, Luis Miguel Cintra e Jorge Silva Melo, gente cujo talento era quase insolente. Faziam um pouco de tudo, faziam tudo bem e faziam tudo depressa... O que surgiu foi uma espécie de peça milagrosa modernista, uma colagem de vozes, textos, objetos, espaços, corpos, pulsações; corpos ardentes, sofredores, corpos que irradiavam energia: uma obsessão que me persegue, as cenas de Ko-Haru em "A Ilha dos Amores", a histeria de Antónia em "O Desejado". A partir de "Pousada", a colagem domina o meu trabalho - colagem, plano-sequência; rejeição da psicologia, do plano subjetivo, do plano de cobertura, do grande plano. Voltei às cenas teatrais, a filmar de frente, o espelho. A forma de "A Ilha dos Amores" vem da "Pousada". Que eu saiba, a "Pousada" é anterior a Syberberg, Schroeter, Carmelo Bene. (Paulo Rocha, 1988)



CRIME / ABISMO AZUL / REMORSO FÍSICO

Edgar Pêra | POR | 2009 | 15'


Crime Abismo Azul Remorso Físico inspira-se na vida e obra de Amadeo de Souza-Cardozo. Este polémico pintor do século XX desafiou a vanguarda mundial do seu tempo: “Não sigo escolas. Sou impressionista, cubista, futurista, abstracionista. Um pouco de tudo. A verdadeira tradição não é tentar reviver o passado – que é impossível fazer – mas antes algo que estabelece continuidade, como os pais com os filhos. Um filho nunca é igual ao pai.” O filme segue o mote de Amadeo. Cruza ficção pictórica, sugerida pelo emblemático quadro “A Procissão”, pintado em Paris em 1913, com a realidade contemporânea portuguesa. (Agência da Curta Metragem).


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Isabel Lopes Gomes

Nasceu em 1976. É Doutoranda na Universidade de Coimbra no Colégio das Artes, no Doutoramento em Arte Contemporânea, e membro do CEIS 20 — Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX. Realizou documentários sobre artistas, entre os quais: Arte Vida / Vida Arte - Alberto Carneiro (2013); Spiritual Exercises - Bosco Sodi (2014); Rua José Escada - José Escada (2015) e Pintar a Ideia - Manuel-Casimiro (2018). Em 2024 irá estrear o seu último documentário – Retrato de Ausência - sobre a obra do artista Nikias Skapinakis. Realizou e apresentou diversos magazines culturais exibidos na RTP: ZOOM; Estação das Artes; Documentários sobre a Bienal de Veneza e o Photo Espanha assim como a Série Design PT exibida em 2015 na RTP2. Foi curadora em 2019 da exposição: Da história das imagens (o fotográfico na obra de Manuel Casimiro) apresentada no Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva.

 

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