Saltitar, de Connor Scott
Francis Alÿs Ricochetes
Ao longo das últimas duas décadas, Francis Alÿs viajou para mais de 15 países em todo o mundo para filmar jogos infantis – desde musical chairs (dança das cadeiras) no México a leapfrog (jogo do eixo) no Iraque, saltar à corda em Hong Kong e 1, 2, 3, Freeze! em Londres.
Apresentada em diálogo com uma vasta seleção de pinturas, esta instalação imersiva, com múltiplas telas, oferece a visão mais completa da série Children’s Games até ao momento. Capturando a universalidade e a criatividade do ato de jogar, a série destaca interações sociais que estão a desaparecer devido à rápida urbanização, à erosão das comunidades e ao crescente domínio do entretenimento digital.
A exposição Ricochetes de Francis Alÿs, em Serralves, é a inspiração para a programação da performance Saltitar, do coreógrafo Connor Scott, pensada entre o artista, Ana Bigotte, curadora do projeto BRINCAR*, e os Serviços de Artes Performativas e Educativo do Museu de Serralves.
Saltitar
Saltitar é o nome da proposta, orquestrada por Connor Scott, em que andar a saltitar (skipping) se institui activamente como forma delicada de união. A proposta assenta na simplicidade do saltitar e na sintonia rítmica dos participantes (skippers) que – ao transportarem o corpo, o som e a dança através dos espaços que percorrem – contagiam os espectadores, capturando a sua atenção pelo ritmo. Pensando em formas alternativas de nos transportarmos, Saltitar habita galerias, ruas e espaços públicos para gentilmente nos conduzir em direção à coletividade – corporizando pequenos actos transgressivos de tornar os espaços queer.
* BRINCAR é um projeto de investigação histórica e artística que procura trabalhar sobre / e a partir de experiências artísticas e sociais ocorridos com / para a infância nos anos que rodeiam a REVOLUÇÃO de abril 74 e final séc. XX.
Relacionado
Connor Scott é um bailarino e coreógrafo britânico, sediado em Lisboa, Portugal. Colaborou com artistas como Theo Clinkard (UK), Michael Keegan Dolan (IRE), Bullyache (UK), João Dos Santos Martins (PT), Marcelo Evelin (BRZL) e Sofia Dias e Vitor Roriz (PT). A prática coreográfica de Connor está enraizada na investigação aprofundada das danças com especial atenção ao seu ritmo e à presença que invocam. Baseando-se na qualidade desviante que a dança e o corpo naturalmente possuem, Connor segue esses desvios levando-os a estados performativos que incorporam ideias de aparecer e desaparecer. Tendo dançado danças de salão e latinas na juventude, Scott recorda técnicas e ritmos a partir de saberes corporificados e conjuga-os com práticas arquivísticas para invocar corpos passados, presentes e futuros, transformando-os e desviando-os de figuras, gestos e comportamentos normativos para estabelecer alternativas através da dança.