O Antropoceno e adaptabilidade evolutiva: um olhar sobre os mamíferos marinhos
CONVERSAS COM CIÊNCIA
com Raquel Ruivo
As atividades humanas estão a moldar os ecossistemas, com consequências na adaptabilidade evolutiva das espécies.
Os mecanismos de evolução por seleção natural, propostos por Darwin, atuam no sentido de promover a adaptação ao ambiente circundante. Ao modificar o ambiente, os humanos impactam as trajetórias evolutivas e a adaptabilidade das espécies, resultando no que alguns autores chamam de ""seleção não natural"". De facto, as atividades humanas estão a moldar de forma inequívoca o ambiente. Várias evidências da atividade humana têm sido documentadas no registo geológico terrestre, levando à proposição de uma nova época: o Antropoceno. Uma das características chave do Antropoceno é a poluição resultante da expansão industrial e urbana. Neste contexto, um conjunto de questões fundamentais emergem: como é que a contaminação influencia a adaptação e evolução dos animais? Como é que os organismos lidam com alterações ambientais aceleradas? E, quais são os compromissos entre adaptações ancestrais e os novos cenários de contaminação ambiental? Nesta conversa vamos abordar o caso dos mamíferos marinhos devido ao seu estatuto de espécies icónicas, à sua suscetibilidade à contaminação e à sua história evolutiva singular; nomeadamente, o modo como as contingências históricas da sua adaptação ao ambiente marinho comprometem os mecanismos de defesa no atual Antropoceno.
Investigadora| Raquel Ruivo
Parceria científica
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Raquel Ruivo é Investigadora Auxiliar no CIIMAR. Concluiu a licenciatura em Biologia pela Universidade de Aveiro em 2005 e o doutoramento em Ciências da Vida, Biologia e Saúde pela Universidade Paris-Sud em 2009. Os seus interesses de investigação incluem evolução e diversidade fenotípica, genómica comparada e toxicologia molecular.