A poluição invisível: ruído subaquático e o seu impacte na vida marinha
CONVERSAS COM CIÊNCIA
com Ana Bio
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No mundo subaquático, onde a luz é escassa, muitos organismos usam o som para interagirem entre si e com o seu ambiente. E não são só os mamíferos marinhos, conhecidos pelas vocalizações e ecolocalização, que dependem do som para a navegação, comunicação e alimentação. Há numerosos peixes e invertebrados que usam o som de forma semelhante. O ambiente subaquático tem a sua paisagem sonora natural, criada pelos organismos, pela meteorologia (o ruído das ondas e da chuva, por exemplo) e por eventos geológicos (como sismos). Porém, essa paisagem está a ser crescentemente invadida por ruídos antropogénicos. Com o aumento das atividades humanas, sobretudo da navegação, mas também da exploração de recursos marinhos, desde a pesca às energias e, mais recentemente, à mineração subaquática, os níveis de ruído subaquático têm aumentado de forma acentuada; e as caraterísticas físicas do ambiente aquático fazem com que o ruído seja ainda mais impactante na água do que em terra. Verifica-se assim uma crescente poluição sonora subaquática, que interfere com as funções básicas de vida dos organismos marinhos, sobrepondo-se à sua comunicação e desorientando-os. É necessário alertar e sensibilizar para essa forma de poluição, e procurar soluções para mitigar os seus efeitos nos ecossistemas marinhos.
Investigadora: Ana Bio
Parceria científica
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Ana Bio é bióloga, licenciada pela Universidade de Aveiro, com doutoramento na Universidade de Utrecht, Países Baixos, com uma tese sobre modelação estatística espécie-ambiente. Desde então, os seus interesses de investigação evoluíram nas áreas das relações espécie-ambiente, avaliação de ecossistemas estuarinos e costeiros e de risco de erosão, e bioacústica subaquática. As principais atividades incluem: monitorização costeira e oceânica; análise empírica e modelação estatística; morfodinâmica e analise de risco; análise de dados de deteção remota; e aplicação de Sistemas de Informação Geográfica (SIG).