Oitava sessão do ciclo de cinema e conversas Modos de Rever: História(s) da Arte no Cinema, concebido por Isabel Lopes Gomes. A sessão contará com uma breve apresentação, à qual se segue a projeção dos filmes "Van Gogh" (1948) de Alain Resnais, "As Estátuas Também Morrem" (1953) de Alain Resnais e Chris Marker, "The Old Place" (1999) de Jean-Luc Godard e Anne-Marie Miéville, e "Lo Sguardo di Michelangelo" (2004) de Michelangelo Antonioni, seguida por uma conversa com o professor e crítico de arte Eduardo Paz Barroso e o professor e cineasta Eduardo Brito, com moderação de Isabel Lopes Gomes.

VAN GOGH

Alain Resnais | FRA | 1948 | 18'

"Interessava-me o preto e branco porque oferecia uma forma de unificar o filme independentemente do seu conteúdo. Como as pinturas não foram escolhidas de acordo com a sua cronologia, isso permitiu-me explorar o espaço livremente, viajar dentro da pintura, sem me preocupar com a heterogeneidade que a cor me teria imposto. Sempre quis experimentar este tipo de deslocação num material plástico que me desse total liberdade de montagem... Tratava-se de descobrir se as árvores e as casas pintadas podiam, através da montagem, assumir o papel de objetos reais da história e se, nesse caso, seria possível ao espetador substituir o mundo interior de um artista pelo mundo revelado pela fotografia..." (Alain Resnais).

LES STATUES MEURENT AUSSI | AS ESTÁTUAS TAMBÉM MORREM

Alain Resnais e Chris Marker | FRA | 1953 | 30'

Este documentário, encomendado pela Présence Africaine, procura responder à questão "Porque está o africano no museu de antropologia quando o grego ou o egípcio estão no Louvre?", onde Alain Resnais e Chris Marker expõem e criticam a falta de consideração pela arte africana. O filme permaneceu censurado em França durante oito anos, devido à sua perspetiva anti-colonial. 

THE OLD PLACE

Jean-Luc Godard e Anne-Marie Miéville | FRA | 1999 | 47'

Com uma encomenda do MoMA para criarem um ensaio sobre o papel da arte no final do século XX, Jean-Luc Godard e Anne-Marie Miéville conjuraram uma abordagem em vídeo coerente com as suas explorações no vídeo-ensaio dos seus últimos trinta anos, ao mesmo tempo que dão voz às suas próprias filosofias. Incorporando uma heterogénea série de imagens, incluindo filmagens dos próprios realizadores da natureza até excertos de vários períodos da história do cinema ou fotografias célebres de múltiplos lugares do mundo, Godard e Miéville também citam uma série de fontes literárias, incluindo Simone de Beauvoir, Thomas Mann, Henri Bergson e Jorge Luis Borges. O resultado é um questionamento cada vez mais fundo da humanidade, do tempo e dos mundos em mudança. (Peter Borgward)

LO SGUARDO DI MICHELANGELO

Michelangelo Antonioni | ITA | 2004 | 18'

O último trabalho do cineasta italiano Michelangelo Antonioni parte da visita do cineasta à Igreja de São Pedro em Roma, onde se encontra a enigmática estátua de Moisés, do escultor renascentista Michelangelo Buonarotti. Para além do seu olhar artístico e das possíveis relações entre os dois Michelangelos, o filme assume-se, primeiramente, como uma meditação sobre a morte.