Palavra de Artista - Nalini Malani
Conversas Com Serralves
#ConversasComSerralves
Horário: 18:00
Evento online, em Inglês, de acesso gratuito, com inscrições obrigatórias para ser.educativo@serralves.pt
O link de acesso será enviado após conclusão do período de inscrições
Com Nalini
Malani, artista, e Philippe Vergne, Diretor do Museu.
Serralves apresenta pela
primeira vez em Portugal o trabalho da conceituada artista internacional Nalini
Malani (Carachi, 1946). Esta exposição ocorre após a
atribuição à artista de uma das mais prestigiantes distinções no mundo da arte
contemporânea: o Prémio Joan Miró em 2019. Amplamente conhecida pelas
suas pinturas e desenhos, a mostra em Serralves apresenta exclusivamente as
suas animações desenvolvidas entre finais dos anos 1960 e a atualidade.
Nesta
conversa com a artista partiremos do núcleo de obras da sua autoria, patentes
na exposição que Serralves lhe dedica, sob o título UTOPIA!? para tocar em
temas que percorrem a sua já longa carreira. Foi no final da década de 1960,
numa cena artística indiana dominada por homens, que Nalini Malani emergiu como
uma voz provocatória e feminista, igualmente pioneira no trabalho com meios
artísticos como o cinema experimental, a pintura, o vídeo e a instalação. Em diálogo com uma das personalidades mais
marcantes do panorama artístico contemporâneo internacional, abordaremos as
facetas distintas do seu percurso, procurando saber como encara o futuro da
arte perante os desafios do mundo de hoje.
Relacionado
Nalini Malani é uma das artistas contemporâneas mais influentes na Índia,
com uma sólida carreira que recebeu ampla consagração internacional. Nasceu em
Carachi em 1946, um ano antes da separação entre a Índia e o Paquistão na
sequência da independência do Império Britânico. A sua família refugiou-se em
Calcutá em 1947 e mudou-se para Mumbai em 1954. O trauma pessoal e coletivo da
Partição da Índia, a experiência precoce de deslocamento e o estatuto de
refugiada marcaram a sua biografia e produção artística, que se desenvolveu,
nas suas próprias palavras, como uma tentativa de “dar sentido aos sentimentos
de perda, exílio e saudade” que tanto marcaram a sua infância. Malani estudou
belas-artes na Sir Jamsetjee Jeejebhoy School of Art, em Mumbai. Durante esse
período, instalou o seu estúdio no Bhulabhai Memorial Institute, onde artistas,
músicos, bailarinos e atores trabalhavam individualmente e em comunidade. Logo
após terminar a formação académica, Malani trabalhou em cinema e fotografia. De
1970 a 1972, recebeu uma bolsa do governo francês para estudar arte em Paris,
onde entrou em contacto as teorias de Louis Althusser, Roland Barthes e Noam
Chomsky, entre outros. Em 1973, voltou para a Índia, determinada a contribuir
para a modernização e emancipação intelectual do seu país através da arte. Em
2010, o San Francisco Art Institute concedeu-lhe um doutoramento honoris causa
e, em 2013, foi a primeira mulher asiática a receber o prémio Arts &
Culture Fukuoka Prize. Também recebeu outras importantes distinções, como o St.
Moritz Art Masters Lifetime Achievement Award em 2014 e o Asian Art Game
Changers Award em 2016. A ampla gama de interesses de Malani sempre a levou a
colaborar com artistas e pensadores de várias áreas, como o antropólogo Arjun
Appadurai, a atriz Alaknanda Samarth, o bailarino de Butoh Harada Nobuo e a
encenadora Anuradha Kapur. Essas colaborações atestam a exploração contínua de
formas interdisciplinares para investigar e comunicar as questões pessoais e
políticas que moldam a sua arte. Ao longo de cinco décadas e com mais de
trezentas exposições — duzentas das quais internacionais — as suas obras foram
exibidas nos principais centros de arte contemporânea do mundo, com exposições
individuais no ICA (Boston), no Stedelijk Museum (Amsterdão), no Irish Museum
of Modern Art (Dublin) e no New Museum of Contemporary Art (Nova Iorque); e
retrospetivas no Castello di Rivoli — Museu de Arte Contemporânea (Rivoli) em
2018, no Centre Pompidou (Paris) em 2017, no Museu de Arte Kiran Nadar (Nova
Delhi) em 2014, no Musée Cantonal des Beaux-Arts (Lausanne) em 2010 e no Museu
Peabody Essex (Salem) em 2005. Os seus trabalhos foram apresentados em vinte
bienais, como a 12.ª Bienal de Xangai em 2018; a DOCUMENTA 13 em 2012 em
Kassel; a 16.ª Bienal de Sydney; as exposições da 52.ª e 51.ª Bienais de Veneza
em 2007 e 2005, e a terceira Bienal de Seul em 2004. A obra de Nalini Malani
está representada em várias coleções de museus em todo o mundo.