RUI CHAFES: PALAVRA, FERRO, FOGO
Conversa
Horário: 18:00
Conversa com Rui Chafes, artista plástico, Pedro Mexia e Nuno Crespo, Diretor
da Escola das Artes da UCP, sobre o trabalho de Rui Chafes, com moderação de Nuno Camarneiro, professor da Escola das Artes.
Esta
iniciativa surge no âmbito da mostra Studentato. Obras da Coleção de
Serralves na Academia do Porto, fruto da parceria entre a Fundação de
Serralves e a Federação Académica do Porto, que apresenta obras da Coleção de
Serralves em diferentes instituições de ensino da cidade.
Na
Universidade Católica Portuguesa são apresentadas duas obras de Rui Chafes
(Lisboa, 1966) concebidas em 2000 para o Jardim Botânico da Universidade do
Porto, por ocasião da exposição A Experiência do Lugar, organizada no
âmbito do Porto 2001, Capital Europeia da Cultura. Duas peças distintas compõem Secreta Soberania: uma estrutura gradeada, ora suspensa, ora elevada
sobre quatro apoios, pontua e relaciona os espaços exterior e interior com a
sua presença solene. Muitas das esculturas de Chafes assemelham-se a máscaras,
armaduras e casulos, objetos que constrangem, aprisionam e torturam o corpo,
sempre invocado e sempre ausente. Nas obras que aqui se apresentam, a ausência
da figura humana é sugerida na evocação de momentos de espera e reencontro.
Os
títulos das obras de Rui Chafes remetem frequentemente para um universo
pessoal, sublime e lírico, não procurando esclarecer ou definir uma leitura da
obra. Para o artista, que tem concebido diversas esculturas para o espaço
público em Portugal e no estrangeiro, os espaços expositivos de museus são
“como asilos onde chegam as peças muito doentes. (…) Ao passo que, quando estão
no exterior, na natureza ou no sítio para onde foram criadas, têm vida
própria”.[1]
Rui
Chafes estudou Escultura na Escola de Belas Artes de Lisboa entre 1984 e 1989,
prosseguindo os seus estudos na Alemanha, na Kunstakademie Düsseldorf [Academia
de Arte de Düsseldorf], até 1992. A literatura e a arte germânicas, associadas
sobretudo ao período medieval e ao Romantismo, são referências que permeiam a
obra do artista. A relação com determinada arte do passado denuncia o seu
interesse em detetar aquilo que na criação artística é essencial, imutável,
transversal a vários tempos. Este interesse é também revelado na sua eleição de
materiais — em que o ferro é privilegiado justamente pela sua imutabilidade —,
no caráter depurado das suas peças e nos temas universais que aborda,
relacionados com a condição humana e com a nossa relação com a transcendência.
Studentato.
Obras da Coleção de Serralves na Academia do Porto integra o Programa de Exposições Itinerantes da Coleção de Serralves que tem
por objetivo tornar o acervo da Fundação acessível a públicos diversificados de
todas as regiões do país.
[1] Alexandra Carita, “Rui Chafes: A Religião do Ferro,” in Atual, n. 2154 Expresso, 8 fevereiro 2014, p.9.