CANÇÃO NOVAANDRÉ GUEDES com DIOGO ALVIM
O MUSEU COMO PERFORMANCE
Performance
CANÇÃO NOVA (2023), 20’
A produção artística de André Guedes (Lisboa, 1971) divide-se entre as artes visuais e as artes performativas. As suas obras, entre instalações, performances, cenografia e projetos editoriais, constroem-se – na esteira da arte conceptual dos anos 1960-70 – a partir de um aturado trabalho de pesquisa documental. É o caso de “Canção nova”, o projeto concebido especificamente para esta edição de O Museu como Performance. Pensada para o auditório do museu, a obra joga com as expectativas dos espectadores – propondo desde logo formas inéditas de aceder ao espaço e de o ocupar –, ao mesmo tempo que propõe relações entre referências aparentemente tão díspares quanto canções de trabalho, alfaias agrícolas e imagens do ensaio de uma peça de teatro num Teatro Aberto (Lisboa) ainda por inaugurar. Aquilo que aglutina estas referências são noções de trabalho coletivo: o coro que canta as canções de trabalho rural da zona do Ribatejo, o conjunto de performers que executam ações (nomeadamente manipulando os objetos em palco e arrancando algumas cadeiras da plateia), as fotografias do ensaio de uma peça de teatro (“O Círculo de Giz Caucasiano”, de Bertolt Brecht – peça encenada por João Lourenço e escolhida para inaugurar o Teatro Aberto em 1976), falam de um esforço conjunto, em que a unidade (o indivíduo) serve o todo, um objetivo comum. Digamos que, e esta é uma característica constante na prática artística de André Guedes, esta “Canção nova” constitui-se “como uma reflexão sobre a atividade humana na conceção do espaço e das organizações sociais e políticas”.
Relacionado
André Guedes (Lisboa, 1971) é licenciado em Arquitetura pela FA/Universidade Técnica de Lisboa. Frequentou a pós-graduação em Antropologia do Espaço na Universidade Nova de Lisboa. Participou em diversos programas de residência de criação, nomeadamente: Gasworks (Londres, 2011), Nosadella.due (Bologna, 2007), Le Pavillon / Palais de Tokyo (Paris, 2004/2005), Fondazione Pistoletto/Cittadellarte (Biella, 2003). Em 2007 recebeu o Prémio de Artes Plásticas União Latina.
Entre as exposições e performances individuais destacam-se: Formas Antigas, Novas Circunstâncias, Galeria Vera Cortês, Lisboa (2019); Pleasure Gardens, Kunsthalle Lissabon, Lisboa (2011/2012); Hoxe comezamos a falar, Colexio de Fonseca, Santiago de Compostela (2011); L’argent, Galerie Crèvecoeur, Paris (2010); The Losts, The Bluecoat, Liverpool (2009); AIROTIV, Vitoria, Centro Cultural Montehermoso, Vitoria-Gasteiz, Espanha (2009); Better Days, For These Days (2008), Galeria Lisboa 20; Informações/Information (2007), Chiado 8, Lisboa; Better Days (2007), Museo Internazionale della Musica, Bolonha; O jardim e o casino, a praia e a piscina (2005), Galeria Lisboa 20, Lisboa; Outras árvores, outro interruptor, outro fumador e uma peça preparada (2004/2005), Museu de Serralves, Porto; SlowMotion (2003), ESTGAD, Caldas da Rainha.
Nas exposições coletivas destacam-se: A Sexta Parte do Mundo, Museu do Neo-Realismo, Vila Franca de Xira (2017); Play, Galeria Quadrum, Lisboa (2011); I’m not here. An exhibition without Francis Alys, De Appel, Amsterdão (2010); Practising Memory, Fondazione Pistoletto, Biella, Itália (2010); World Question Centre, 2ª Bienal de Atenas (2009); The Clearing, Prague Triennale, Praga (2008); El Medio Es El Museo (2008), Koldo Mitxelena, San Sebastián; Disarming Matter (2008), Dunkers Kulturhus, Helsingborg, Suécia; Prémio de Artes Plásticas União Latina, Culturgest, Lisboa (2007); Por Entre as Linhas, Museu das Comunicações, Lisboa (2007); La Ciudad Interpretada (2006), Santiago de Compostela; The Final Cut (2005), Palais de Tokyo, Paris; Otras Alternativas (2003), MARCO, Vigo; Partituras e Paisagens (2002), Festival Danças na Cidade / Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; “Festival Brrr Live Art” (2001), Porto.
Realizou a conceção espacial das seguintes obras coreográficas: Hors Sujet Ou Le Bel Ici (2007) de Martine Pisani; como rebolar alegremente sobre um vazio interior (2001) de Vera Mantero para o Ballet Gulbenkian; Notas para um espetáculo invisível (2000) de Miguel Pereira; Contract with the skin (2000) de Paulo Henrique. Concebeu diversos projetos cénicos a solo ou em colaboração com Miguel Loureiro e a companhia de teatro Cão Solteiro.
Foi o curador convidado da edição de 2020 do Festival Internacional de Dança Cumplicidades.
O artista vive e trabalha em Lisboa.