100 CYMBALS
RYOJI IKEDA
Acesso
Bilhete: 7,5€
Estudante/Jovem, Maiores de 65 e Amigos de Serralves: 3,75€
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John Cage / Ryoji Ikeda But what about the noise of crumpling paper (1985 / 2021) 15’
Ryoji Ikeda 100 cymbals (2019) 35’
Com:
PERCUSSIONS DE STRASBOURG
DRUMMING – GRUPO DE PERCUSSÃO
Com 100 cymbals, Ryoji Ikeda mergulha-nos no abismo da vibração com uma experiência auditiva única. Criado em 2019 na Filarmónica de Los Angeles, no sumptuoso salão projetado pelo arquiteto Frank Gehry, 100 cymbals é tanto uma performance de palco quanto uma instalação audiovisual. Ikeda realça o rico potencial dos pratos seguindo a linha ténue entre ruído e ressonância harmónica. O instrumento aparentemente rudimentar, um disco convexo feito de liga de cobre, latão e bronze, mais comumente utilizado para acentuar determinados tempos do compasso, transforma-se num poderoso recurso polifónico. Os diferentes modos de tocar, mais ou menos convencionais, mantêm uma constante sonoridade fusional – quase coral – permitindo que estratos harmónicos e outros fenómenos acústicos aflorem, num processo que um simples verso poderia representar: um crescendo infinito, que vai de um murmúrio quase impercetível ao fulgor do fortississimo final.
O concerto abre com um retrato sonoro que John Cage dedicou a Hans Arp, natural de Estrasburgo, por ocasião do centenário do seu nascimento. O compositor norte-americano considerava o cofundador do movimento dadaísta um modelo, sobretudo pela sua relação com a natureza e pela sua conceção cosmogónica da arte. O resultado foi uma partitura conceptual, datilografada, oferecida à Percussions de Strasbourg em 1986, na qual a linguagem musical é reduzida a cinco signos tipográficos. Ikeda optou por substituir os elementos inicialmente utilizados, como madeira, água, vidro ou metal, por instrumentos da cultura japonesa. A simplicidade e redução de materiais, combinadas com variações subtis, revelam a estrutura composicional desta peça minimalista e apelam para uma experiência auditiva profunda.
Ryoji Ikeda já havia assinalado sua filiação com John Cage com uma versão plástica da famosa 4'33”, na forma de uma pintura feita em filme 16 mm. Para este novo trabalho sobre o pai da experimentação musical, Ryoji Ikeda optou por substituir os elementos inicialmente utilizados como madeira, água, vidro ou metal por instrumentos da cultura japonesa. Semelhantes a dois pedaços retangulares de madeira que são batidos ou friccionados, os hyōshigis são tradicionalmente usados durante certos rituais ou cerimônias diárias no Japão. Aqui, sem efeitos nem microfones, o som vai-se revelando apenas sob a forma de impulsos ou fricções, num gesto preciso de pureza acústica. A simplicidade e redução de materiais, aliadas a sutis variações, revelam a estrutura composicional da peça. O despojamento das sonoridades até ao ruído branco ou às delicadas fricções da madeira, evidencia o lugar especial dado ao silêncio na obra de John Cage, bem como ao ambiente natural e aos diferentes ritmos da água que o artista refere na sua partitura: “Arp foi estimulado pela água (o mar, lagos, água corrente, como a água do rio) e florestas.”
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