Avery Singer. run_it_back.exeˇ

Imagem © Avery Singer. Cortesia da artista e Hauser & Wirth
A exposição run_it_back.exeˇ, da artista nova-iorquina Avery Singer, assinala a sua primeira individual em Portugal e marca o início da programação de 2025 do museu. Concebida especificamente para este contexto, a exposição questiona os paradoxos da era digital e as tensões estruturais que definem a sociedade contemporânea, bem como as interseções entre arte, tecnologia e arquitetura.
O título run_it_back.exeˇ remete para o universo digital e a ideia de repetição obsessiva — deslizar por feeds, monitorizar mercados ou reiniciar processos numa busca ilusória por controlo e resultados. Nas suas pinturas, Avery Singer reflete sobre as promessas das economias digitais emergentes, como as criptomoedas, expondo as dinâmicas de volatilidade, alienação e a fragmentação das identidades que frequentemente lhes estão associadas. Figuras anónimas e desprovidas de emoção habitam espaços que evocam a frieza de repartições públicas e instituições financeiras, ambientes impessoais onde os indivíduos se tornam peças descartáveis de um sistema indiferente.
A exposição expande-se até ao lobby do museu, dialogando com a arquitetura de Álvaro Siza num gesto que transforma Serralves num território híbrido, onde arte e espaço desafiam as fronteiras entre o real e o virtual. Este cruzamento de esferas sublinha a fragilidade das estruturas — físicas, sociais e tecnológicas — que sustentam a nossa realidade, enquanto desafia os visitantes a refletir sobre as contradições do mundo contemporâneo.
Avery Singer, uma das pintoras mais extraordinárias da atualidade, reconfigura a nossa perceção do presente com um olhar crítico e atento às fissuras de um tempo em constante aceleração. run_it_back.exeˇ é mais do que uma exposição; é um apelo urgente à reflexão sobre as transformações sociais que que não só redefinem, quase continuamente, o presente, como também abrem caminho para o futuro.
A exposição é organizada pela Fundação de Serralves – Museu de Arte Contemporânea, com curadoria de Inês Grosso, Curadora Chefe do Museu de Serralves e coordenção da curadora Filipa Loureiro.
Projeto de arquitetura:
DepA architects, Porto.
A exposição contou com o apoio de Lizzy e Ramtin Naimi e a da Hauser & Wirth Gallery