JEAN-LUC GODARD

Em toda a história do cinema poucas figuras terão sido tão marcantes, provocadoras e influentes como Jean-Luc Godard. Esta retrospetiva propõe uma revisão da filmografia do realizador em diálogo com a sua obra plástica, foco da exposição Tendo em linha de conto os tempos atuais. Se a exposição reúne um conjunto muito significativo de objetos nunca antes apresentados, que abre perspetivas inéditas sobre os processos criativos do realizador e a génese de muitas das estratégias formais que singularizam o seu trabalho, a retrospetiva investiga as consequências dessas experiências plásticas na sua produção cinematográfica posterior à série História(s) do Cinema (1988-1998), com particular enfoque em filmes menos conhecidos, muitos deles nunca antes exibidos em Portugal. Esse é, nomeadamente, o caso de Scénarios, último filme de Godard, e de Exposé du Film annonce du film Scénario, estreados no Festival de Cannes em 2024, ou de Rolle: Inventaire, levantamento fílmico do espaço de trabalho do cineasta, realizado por dois dos seus colaboradores mais próximos, Fabrice Aragno e Jean-Paul Battaggia, que terá aqui a sua estreia absoluta.

Este ciclo será, igualmente, a ocasião de recordar o diálogo entre Jean-Luc Godard e Manoel de Oliveira, não apenas porque Filme Socialismo (2010), de Godard, pode ser visto como uma resposta a Um Filme Falado (2003), de Oliveira, mas também porque é este último que, numa conversa mantida entre ambos em 1993, para o jornal Libération, profere uma célebre frase que, depois disso, não mais deixaria de habitar os filmes do primeiro: “É, aliás, disso que gosto em geral no cinema: uma saturação de signos magníficos que se banham na luz da sua ausência de explicação.