ALLORA & CALZADILLA ENTELECHY
Jennifer Allora (1974, EUA) e Guillermo Calzadilla (1971, Cuba) são uma dupla de artistas que vive e trabalha em San Juan, Porto Rico. Com uma abordagem ancorada na pesquisa de campo, bibliográfica e documental, o seu trabalho investiga as intersecções entre história, política, ecologia e cultura material através do uso de diversos meios artísticos, como performance, escultura, som, vídeo e fotografia.
Com o título Enteléquia, a presente exposição é a primeira retrospetiva da dupla e uma oportunidade única para experimentar ao vivo algumas das suas obras mais conhecidas. Revelando novas ligações numa cronologia aberta, esta ambiciosa apresentação ocupa toda a ala esquerda e o átrio principal do Museu de Serralves. Cunhado por Aristóteles, o conceito de «entelequia» traduz o potencial de autorrealização e de força vital que conduz o desenvolvimento de todos os seres, mas também pode referir-se, na linguagem mais comum, à perfeição inatingível de uma ideia. Esta noção reflete a complexidade poética e filosófica da prática de Allora & Calzadilla e dá nome a uma das suas produções mais ambiciosas até à data; uma escultura monumental em carvão, feita a partir de uma árvore atingida por um raio (Entelechy, 2020). Os artistas usaram uma espécie de árvore encontrada na floresta de Montignac, em França, o local onde um grupo de adolescentes descobriu, em 1940, a agora famosa Gruta de Lascaux — uma caverna subterrânea contendo centenas de desenhos pré-históricos, que surgiram no meio da convulsão geopolítica da Segunda Guerra Mundial. A única imagem de uma figura humana encontrada na caverna — representando um ser híbrido, humano e ave — é a base para a partitura que o compositor David Lang desenvolveu com Allora & Calzadilla, adicionando uma dimensão performativa a esta obra.
Cobrindo mais de duas décadas da sua trajetória, a mostra reúne algumas das peças mais emblemáticas da dupla, como a instalação do início de carreira Chalk (1998), um conjunto de doze enormes paus de giz branco instalados na entrada norte do Parque da Cidade, que convida os moradores e transeuntes a interagir com estes instrumentos riscadores singulares. Outro exemplo, a série de trabalhos sobre Porto Rico, mais especificamente sobre Vieques, uma ilha porto-riquenha que foi usada pela Marinha dos Estados Unidos entre 1941 e 2003 como base de testes para bombas e mísseis. Este é um projeto que teve um papel preponderante na história dos movimentos sociais da ilha e contribuiu decisivamente para o debate sobre as relações entre as grandes potências mundiais e a história das Caraíbas. Filmes icónicos dos artistas, como Returning a Sound (2004), Under Discussion (2005) e Half Mast/Full Mast (2011), tiveram a sua origem na série sobre Vieques, que encapsula mais de uma década da pesquisa dos Allora & Calzadilla.
Os trabalhos escolhidos para esta exposição evidenciam a natureza interdisciplinar e colaborativa da sua prática, assim como alguns dos temas que atravessam toda a sua obra, da condição pós-colonial à justiça ambiental e dívida ecológica; tempo geológico e a história evolutiva da vida na Terra; geopolítica e recursos energéticos. Neste campo, a exposição destaca uma série de projetos eminentemente performativos que são centrais na trajetória de Allora & Calzadilla, como Hope Hippo (2005), Stop, Repair, Prepare: Variations on ‘Ode to Joy’ for a Prepared Piano (2008), Lifespan (2014) e Entelechy (2020) que serão ativadas regularmente durante a exposição, em colaboração com músicos e performers da cidade do Porto.
Desde o início da sua colaboração artística, em 1995, o trabalho da dupla Allora & Calzadilla tem sido apresentado em exposições individuais em alguns dos mais importantes museus do mundo — incluindo o Museum of Modern Art, em Nova Iorque; Neue Nationalgalerie, Berlim; Menil Collection, Houston; Tate Modern, Londres; Serpentine Gallery, Londres; Castello de Rivoli Museo d’Arte Contemporanea, Turim; Walker Art Centre, Minneapolis; MAXXI, Roma; Guggenheim Museum Bilbao, Espanha; e Stedelijk Museum, Amesterdão, entre outros. Em 2011, representaram os Estados Unidos da América na 54.ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza com um projeto ambicioso, Glória— uma crítica performativa das narrativas e símbolos que se cruzam na construção da tipologia norte-americana de nacionalismo político, cultural e económico.
A exposição tem curadoria de Philippe Vergne e Inês Grosso e coordenação de Paula Fernandes.
A exposição recebeu o apoio de Charles Kim e Gwen Weil
Apoio adicional: The Grow/Annenberg Foundation, Lisson Gallery e Danniel Rangel
ROTEIRO DA EXPOSIÇÃO
ATIVAÇÃO DE OBRAS
MAIO - OUTUBRO
Hope Hippo
Todos os dias
Stop, Repair, Prepare: Variations on “Ode to Joy” for Prepared Piano
Segunda – Sábado 15:00
Domingo 11:00
JUNHO
Lifespan
03.06 – 16:30
29.06 – 11:00
Blackout
04.06 – 11:00
Entelechy
09.06 – 11:00
20.06 – 11:00
JULHO
Blackout
02.07 – 11:30
Entelechy
04.07 – 15:00
13.07 – 11:00
Lifespan
11.07 – 11:00
19.07 – 15:00
AGOSTO
Lifespan
25.08 – 11:00
Entelechy
29.08 – 11:00
SETEMBRO
Lifespan
03.09 – 15:00
12.09 – 11:00
Entelechy
15.09 – 11:00
26.09 – 11:00
Blackout
23.09 – 16:00
OUTUBRO
Entelechy
08.10 – 15:00
Lifespan
20.10 – 11:00
Blackout
22.10 – 11:30
Mecenas da Exposição
Galeria da Imagens
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