SESSÃO DE CINEMA: OS FILMES DOS ESPETADORES
DOMINGOS NA CASA DO CINEMA: MANOEL DE OLIVEIRA E O CINEMA PORTUGUÊS 1
com apresentação de Paulo Cunha, professor e investigador de cinema
Todos os filmes serão apresentados na sua língua original.
Por motivos de força maior o programa poderá ser alterado.
O filme Auto da Floripes é apresentado em nova cópia digital proveniente da Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema.
Acesso
Bilhete (1 sessão): 3€
Estudante/Jovem, Maiores de 65 e Amigos de Serralves: 1,5€
O acesso ao Auditório da Casa do Cinema é feito pela Rua de Serralves nº 873, 30 minutos antes do início da sessão.
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14 MAI | DOM | 18:00
VENEZIA
Carlos Calvet | 1959 | 6’
O ESPELHO DA CIDADE
Vasco Branco | 1961 | 10’
AUTO DA FLORIPES
Secção Experimental do Cineclube do Porto | 1962 | 58’
Com apresentação de Paulo Cunha, professor e investigador de cinema
Em 1959, a Secção de Cinema Experimental do Clube Português de Cinematografia – Cineclube do Porto inicia a rodagem de Auto da Floripes, realização coletiva de António Lopes Fernandes (um dos elementos da comissão fundadora da dita secção), Adelino Felgueiras, Alcino Soutinho, António Reis e Arnaldo Araújo, a partir de uma ideia de Henrique Alves Costa. À semelhança de Acto da Primavera, o filme regista uma representação popular cuja origem remonta ao século XVI-XVII, integrada na romaria da Senhora das Neves, aldeia do distrito de Viana do Castelo. Enfrentando dificuldades técnicas semelhantes às experienciadas por Oliveira, nomeadamente ao nível do som, Auto da Floripes apenas teria a sua primeira apresentação pública em janeiro de 1963 (o mesmo ano da estreia do filme de Oliveira). Se as afinidades entre os dois filmes são evidentes, tanto no que respeita à coincidência temporal como à abordagem etnográfica, elas participam também de um movimento que, em finais dos anos 1950 e a partir de diferentes enquadramentos disciplinares, se empenha na redescoberta da cultura popular em moldes muito diferentes do folclorismo populista promovido pelo Estado Novo. Além disso, no caso específico de Auto da Floripes, o filme traduz uma nova geração de espetadores (cineclubistas) empenhados em fazer cinema com as novas câmaras de formatos amadores (o 8mm e o Super 8mm). A sessão abre, por isso, com dois “filmes de amadores”: Carlos Calvet tornar-se-ia, mais tarde, num importante nome da pintura e da arquitetura, e Vasco Branco foi uma figura marcante na cultura Aveirense, escritor, pintor e ceramista (além de fervoroso cineclubista).
Sessão incluída no ciclo Domingos na Casa do Cinema: Manoel de Oliveira e o Cinema Português 1, paralelo à exposição Manoel de Oliveira e o Cinema Português 1. A Bem da Nação (1929-1969) patente na Casa do Cinema Manoel de Oliveira.
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Paulo Cunha é docente de Cinema e Media Artes no Departamento de Artes da Universidade da Beira Interior, onde já dirigiu a licenciatura e o mestrado em Cinema. Doutor em Estudos Contemporâneos pela Universidade de Coimbra, é também coordenador do Grupo de Trabalho Cinemas Pós-Coloniais e Periféricos da AIM – Associação de Investigadores da Imagem em Movimento. Tem trabalhado como programador de cinema no Curtas Vila do Conde, Cineclube de Guimarães e Batalha Centro de Cinema, e tem sido jurado em concursos científicos e artísticos no Instituto de Cinema e do Audiovisual, Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação para a Ciência e Tecnologia. Entre outras publicações, é autor de "Uma nova história do novo cinema português" (2024, Fora de Jogo) e coeditor de "20 Filmes Fundamentais do Cinema Português (2023, Livros LabCom) e de "Reframing Portuguese Cinema in the 21st Century" (2020, Curtas Metragens CRL).