GUERRA E PAZ À MESA: POLÍTICA INTERNACIONAL E GASTRODIPLOMACIA
Ciclo de Conversas | Alimentar Uma Causa: Responsabilidade Social
Com José Azeredo Lopes, Professor Associado da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa
Lotação: 60 pessoas
Acesso gratuito mediante inscrição no link
A gastrodiplomacia promove a identidade e o diálogo. Mas pode também ser domínio e apagamento cultural do adversário.
A Gastrodiplomacia tem diferentes dimensões. Por um lado, em sentido restrito, é entendida como uma forma de política pública em que de um modo sistematizado o Estado, servindo-se da sua cozinha, exerce uma forma de política externa. Nesta perspetiva, a gastrodiplomacia distingue-se da cozinha diplomática, mais relacionada com as práticas diplomáticas adotadas nas refeições entre representantes estaduais.
É inegável a dimensão cultural, individual e coletiva da comida e a sua importância na constituição de relações individuais, mas também interestaduais. São muitos os exemplos relacionados com comida ou, mais em geral, com a alimentação ou a forma de a preparar, que integram a lista de património imaterial da humanidade da UNESCO: desde pratos específicos, artefactos e até mesmo “rituais” completos. Dos produtos utilizados, à forma de os cozinhar, ao momento de comunhão e diálogo que a refeição proporciona, evidencia-se a dimensão cultural (e intercultural) e de encontro que pode acontecer à volta de uma mesa.
No entanto, não faltam exemplos menos “pacíficos” em torno da gastrodiplomacia, na guerra e na paz. A cozinha e a gastronomia são cada vez mais importantes no plano da apropriação e captura cultural, como na afirmação de relações de domínio e de apagamento do adversário. É por isso que, nos atuais conflitos, nomeadamente na Ucrânia e na Palestina, nem sempre (ou, talvez melhor, quase nunca) a gastronomia, ou a comida, são associadas a uma mensagem de paz, conciliação e diálogo. Com efeito, a gastronomia, como símbolo cultural, tem sido também ela alvo da polarização e da reivindicação de heranças culturais.
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José Alberto de Azeredo Lopes nasceu no Porto, em 1961. Professor Associado da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, Escola do Porto, onde fez a licenciatura, mestrado e doutoramento. Coordenador do International Studies Programme, Master’s in International and European Law, na Escola do Porto. Diplomado pelo Institut Européen des Hautes Études Internationales e Auditor da Hague Academy of International Law. Professor Convidado da Blanquerna Comunicació, Universitat Ramon Llul, Barcelona. Foi membro do Grupo de Trabalho sobre o serviço público de televisão, nomeado pelo XV Governo Constitucional, 2002. Foi relator para o Sector Judicial, Missão do Banco Mundial em Timor-Leste (Joint Assessment Mission for East Timor), 1999. No mesmo ano, foi coordenador e membro de uma missão de observadores internacionais à consulta popular em Timor-Leste. Foi Presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (2006-2011). Ministro da Defesa Nacional do XXI Governo Constitucional (nov. 2015 a out. 2018) no dia 26 de novembro de 2015. É comentador da CNN Portugal para questões internacionais. Os seus principais interesses de investigação são o uso da força, o direito de autodeterminação dos povos, a responsabilidade dos Estados, o direito internacional humanitário e os direitos humanos, bem como as relações internacionais e política internacional.