O projeto do Museu de Serralves, trabalho do arquiteto Álvaro Siza teve início em 1991. Em 1999 foi inaugurado este novo edifício, harmoniosamente integrado com a envolvente urbana e os espaços pré-existentes dos jardins do Parque e da Casa.
Visitar o Museu é sempre mais do que visitar as suas exposições. É também descobrir as particularidades de cada espaço que compõe esta obra arquitetónica, com uma forte estrutura organizativa e uma grande flexibilidade e capacidade de transformação que dá resposta à diversidade e imprevisibilidade da arte contemporânea que aqui é exposta.
Um projeto de Siza Vieira; um programa arquitetónico que envolveu exigências de vária ordem.
Foi especialmente relevante a necessidade de fazer o projeto dialogar com a envolvente urbana e com a envolvente do próprio Parque de Serralves. O local para a implantação do edifício foi escolhido de forma a gerar o menor impacto possível. O trabalho do Arquiteto Álvaro Siza – que se iniciou em 1991 – foi responsável pela integração de um novo elemento num espaço já ordenado e com uma identidade própria.
Inaugurado em junho de 1999, é constituído por um corpo principal do qual partem, em direção a Sul, duas alas expositivas. Deste modo, apresenta uma planta particular, segundo o seu Arquiteto: "A zona de exposições foi desenvolvida em "U”, de maneira a fazer o jardim entrar dentro do museu e minimizar o seu impacto ambiental.”
A relação com o jardim é, assim, conseguida em função da própria definição da planta do edifício. Álvaro Siza expressa-o claramente: "Por exemplo, no caso de Serralves, onde existe aquela mata fantástica, por ali fora, é evidente que meter aqui este pátio aberto, traz a paisagem para dentro do edifício. Aliás, a janela prova bem isso. Traz a paisagem cá para dentro.”
E prossegue, explicando a integração do edifício na envolvente urbana e do Parque de Serralves: "Era um museu quase impossível, porque não podia ter impacto na rua e também não podia ter impacto no jardim. Sendo um edifício grande, teria que não agredir a envolvência que é uma zona residencial de casas de dois pisos, e teria que harmonizar, completar neste caso, um jardim de grande qualidade.”
Deste modo, projetava-se: "Um Museu inserido num jardim consolidado, pré-existente, um belíssimo jardim.”
Caminho de Acesso ao Museu
Junto ao portão da entrada começa o caminho coberto que conduz até ao Museu, definindo a transição entre o exterior e o interior, em que é a própria arquitetura que encaminha o visitante.
Destacam-se três momentos: o espaço junto ao portão de entrada, o espaço até à bilheteira, que revela uma abertura lateral para o parque, a bilheteira, implantada no estreitamento do caminho e, finalmente, o percurso da bilheteira até à entrada, o qual revela uma abertura progressiva até ao pátio da magnólia. Este, por sua vez, articula o auditório, à esquerda e o museu, em frente.
Átrio do Museu
O Átrio funciona como um local nevrálgico no Museu, redistribuindo percursos e permitindo acessos. Ao nível do Hall tem-se acesso ao Balcão de Informações, Bengaleiro, Livraria e Sala de Exposições.
Subindo ao nível superior acede-se à Sala do Serviço Educativo, Sala Multiusos e ao Restaurante/Cafetaria, onde encontra uma Esplanada com vista sobre o Parque. Descendo ao nível inferior, encontra-se a Biblioteca, o Bar e o Auditório. À semelhança do hall da Casa de Serralves, poderá observar uma sequência de portas e janelas. Esta sequência estabelece uma relação dinâmica entre os vários espaços e permite uma clara compreensão da organização do edifício, articulado em dois eixos principais.
Observe, em particular no nível superior, a janela que proporciona um enquadramento surpreendente da Bétula, que se encontra no exterior.
Sala Central
O conceito base que subjaz ao projeto do Museu de Serralves é o da sucessão de salas. Não se trata de um edifício em que vários espaços são semelhantes uns aos outros e ordenados a um mesmo nível, mas sim onde cada sala introduz a sua própria diferença, em termos arquitetónicos.
Álvaro Siza expressa-o de forma evidente, lembrando o exemplo do Centro Galego de Arte Contemporânea: "O conceito é semelhante ao de Santiago de Compostela, isto é, sucessão de salas com diferentes dimensões e utilização de dois níveis.”
Nesse sentido, trata-se de um Museu com uma natureza singular e espacialmente flexível, permitindo novas formas de organizar e mostrar exposições.
Esta sala, que faz a ligação à ala esquerda do Museu, caracteriza-se pela simetria, reforçada pela existência de uma janela que remata a sequência de passagens que definem o eixo longitudinal, apercebido no Átrio do Museu. Esta janela encontra-se por vezes tapada, devido a necessidades de montagem. Existem na sala dois níveis de espaço expositivo ligados por uma rampa. Note como, ao contrário de uma escada, este elemento liberta o olhar para o que está exposto.
Ala Direita do Museu
Nas salas da ala direita do Museu destaca-se o sistema de iluminação, habitualmente designado por "mesa invertida”. Repare no teto e constate como este sistema desempenha um papel crucial na definição dos espaços de exposição, oferecendo uma luz suave e passível de ser controlada.
Nas salas seguintes, as janelas enquadram a paisagem, "trazendo-a” para o interior do Museu. A natureza participa silenciosamente no espaço arquitetónico e no percurso expositivo. Observe como a "Janela-olho” se projeta para o exterior, enquadrando uma antiga árvore do Parque.
Ala Direita do Museu – Extremidade Sul
Repare no ponto de confluência entre as salas anteriores e as seguintes. O desenho desta passagem convida o visitante a circular sem necessidade de informações complementares – o próprio caminho sugere movimento, tornando o percurso fluído. Este efeito é conseguido através de uma rotação do volume correspondente às salas, relativamente ao eixo principal definido. Em frente, uma janela enquadra de forma admirável uma vista magnífica para a Mata. Repare também na janela no início do corredor paralelo a estas salas: a partir dela avista-se um antigo castanheiro do Parque de Serralves.
Ala Esquerda do Museu
A primeira sala da ala esquerda do Museu destaca-se pela clarabóia que, pela sua proporção e características, remete para a existente na Casa de Serralves. As influências são evidentes, tanto no quadriculado como na leitura da laje. A sala seguinte caracteriza-se pela altura do seu pé-direito e do seu piso de madeira.
Escada de Acesso ao Piso Inferior da Ala Esquerda do Museu
Estabelecendo a ligação entre os dois pisos de exposição, esta escada provoca, inicialmente, alguma sensação de aperto e incómodo estreitamento.
Contudo, num segundo momento, uma janela abre-se à sua frente, proporcionando uma sensação de alívio, de abertura e de progressivo alargamento do espaço.
Sala de Mármore
Repare nas grandes janelas envidraçadas. Conjugando a orientação da sala a sul com a integração de grandes janelas e um piso em mármore branco, o arquiteto consegue provocar uma sensação de amplitude e de grande luminosidade.
Esta sensação é ainda mais intensa na medida em que, até aqui, foi conduzido através de um espaço de sombra e estreitamento: a escada. É admirável como, desta forma, o arquiteto ultrapassa o facto desta sala possuir um pé direito inferior ao das salas anteriores.
Sala de Madeira
O pormenor mais surpreendente desta sala é o facto de ser constituída por três tipos de pé-direito, que crescem à medida que a observação avança.
Começando por um pé-direito mais baixo e acolhedor, este cresce, acompanhando gradualmente o olhar. O contraste é feito também pelo facto de a sala possuir, de novo, piso em madeira.
Biblioteca
A Biblioteca situa-se nos pisos um e dois do edifício do Museu. Destaca-se a sua imensa janela com vista sobre o Parque que se assemelha a uma "pintura de paisagem” em movimento e na qual, mesmo quem passeia no exterior, é protagonista. Da varanda interior da Biblioteca avista-se o piso inferior.
Tendo a janela como referência, facilmente se descobre a relação entre os dois volumes laterais: embora com formais iguais, encontram-se numa posição simetricamente invertida.
Aberta ao público em 2001, a Biblioteca disponibiliza informação sobre arte contemporânea e a paisagem, da década de 1960 aos nossos dias. O seu fundo documental de consulta geral é constituído por catálogos de exposições, obras de referência, ensaios e publicações periódicas, nos domínios das artes plásticas e artes performativas. Existem ainda outras coleções que podem ser consultadas por todo o tipo de públicos, de estudantes a investigadores, de criadores a críticos de arte. O acervo da Biblioteca espelha de forma vincada as temáticas e artistas representados na programação e Coleção do Museu.
Auditório
Através do seu Foyer e Bar, o espaço dedicado ao Auditório estabelece uma continuidade natural com a Biblioteca. No entanto, é também possível aceder a este espaço pelo exterior do Museu (piso da entrada) através de um pequeno pátio, circundado por uma galeria coberta, a partir do qual se pode ter acesso ao Foyer adivinhando, ao mesmo tempo, o Parque de Serralves.
O Auditório foi projetado para desempenhar múltiplas funções, revelando uma atividade de cariz transversal. A sua programação é normalmente planeada em Ciclos temáticos e articulados com algumas exposições apresentadas no Museu ou atividades do Parque, promovendo a apresentação de nomes e projetos da cultura contemporânea, das mais variadas áreas disciplinares: da música eletrónica e experimental ao jazz, da dança contemporânea ao cinema de autor, entre muitas outras.
Neste espaço são ainda apresentadas mesas redondas sobre temas da atualidade, conferências, colóquios e ciclos de estudos contemporâneos, que muito valorizam a programação e diversificam os públicos.
Mecenas do Museu
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